SENTIR
Jaime Gonçalves de Magalhães
Não quero sentir o que sinto,
No sonho que meu corpo embala,
Na forma de sentir como sinto,
No pensamento que a palavra cala.
Já sou prisioneiro no que sinto
Ao escutar os teus apelos
Droga-me este sentir que sinto
Afagando teus cabelos
Quero sentir, mas não o que sinto.
A força que comprime meu peito.
E este sentir, que não quero sentir, que sinto,
Que me contorço em vão no meu leito
E nos sentires que sinto, sinto,
Mesmo nos meus sonhos, como renasço…
Já sou escravo do sentir o que sinto
Na minha luta como me refaço,
Não é o sentir que sinto, que sinto
Na minha própria magia.
É o pavor de sentir o que sinto
Diante do sonho ou nostalgia
Se sentir o que sinto, sinto,
O prazer supremo que libera a alma.
Diferente como a imagem do que sinto
Ao preço tão alto que acalma
Já não sinto o que sinto, sinto,
Brotar do teu recanto teus segredos...
Agora que sentes o que eu sinto, que sentes,
Choras as tuas mágoas em lamentos mudos. . .
|